Especialistas avaliaram
os diversos cenários econômicos, internacional e sustentáveis
Por: AGROLINK – Eliza
Maliszewski
O ano de 2020 foi
atípico. Muita coisa parou, andou devagar, modificou, adaptou, mudou de planos.
Esta não foi a realidade do agronegócio. A pandemia chegou em plena colheita de
grãos. O setor não parou, pelo contrário, colheu uma safra gigante, acima de 257
milhões de toneladas e já planta outro recorde nas lavouras. A safra 20/21 deve
somar 268 milhões de toneladas.
Resiliência? Também.
Planejamento e força para garantir que não faltasse o básico, o alimento. O
agro colheu, escoou, exportou, faturou, gerou mais de 100 mil empregos na
crise, segurou a economia brasileira. E em dez anos é possível imaginar em que
nível o agronegócio brasileiro estará?
Especialistas avaliaram
os diversos cenários durante o 17º Agrimark, realizado na manhã desta
terça-feira (1º) pelo Portal Agrolink, Agência e-21 e I-UMA. O evento teve
espectadores de todas as regiões de olho no que a década pode reservar em
economia, política internacional, tecnologias e sustentabilidade.
Para o professor da USP
e FGV, Marcos Fava Neves, que falou sobre os desafios do agro para dobrar o
superávit da balança comercial o Brasil deve se posicionar como Fornecedor
Mundial Sustentável de Alimentos, Bioenergia e outros Agro-Produtos, como
madeira e couro e aproveitando todo o potencial existente no país e a demanda
do mercado internacional. “Fazendo o Brasil ser um país respeitado mundialmente
por uma atividade nobre: a produção de alimentos. Para isto um conjunto de
estratégias é necessária, tanto na variável de custos, como na variável de
diferenciação e na importante variável de ações coletivas. Em cada uma destas
três áreas, tomar ações estruturantes consolidará o Brasil neste posicionamento
mundial, gerando desenvolvimento econômico e abrindo oportunidades às pessoas”
destacou.
O professor do Insper,
Marcos Jank, falou sobre os novos paradigmas do mercado internacional e citou
alguns pontos que podem alavancar o país no mundo como o investimento em
sistemas integrados de produção e melhorias em logística com a construção de
ferrovias, gargalo antigo. “A ILP vai revolucionar, aumentando nosso potencial
de três safras no ano”, acredita.
Já o presidente da
Embrapa, Celso Moretti, destacou o trabalho da entidade em cinco décadas e como
vem apoiando a agricultura brasileira com pesquisas, desenvolvimento de
tecnologias, cultivares e, mais recentemente, com soluções sustentáveis,
biológicas e que ajudam a elevar o potencial.
Nesta questão de
sustentabilidade, o Diretor de Sustentabilidade da Divisão Agrícola da Bayer,
Eduardo Bastos, tratou da agricultura de baixo carbono. “A agricultura tem um
papel estratégico diante de um grande dilema mundial: aumentar a produção de
alimentos enquanto reduz os impactos climáticos de suas atividades”, disse.
Nesse contexto, foi
lançada a iniciativa Carbono Bayer, um projeto que busca criar um mercado de
crédito de carbono para a agricultura com uma abordagem transparente,
colaborativa e baseada em ciência, algo totalmente inédito. A iniciativa
envolve aproximadamente 1.200 agricultores no Brasil e nos EUA, que estão recebendo
assistência para a implementação de práticas agrícolas sustentáveis com foco em
produtividade com baixo impacto climático, além de parte deles já ser
remunerada pelo carbono sequestrado. O propósito do projeto é estar em linha
com os desafios que o setor tem para os próximos 10 anos, cuja previsão é de um
aumento de 27% na produção agrícola brasileira somente no cultivo de milho e
soja, segundo dados do Ministério da Agricultura, enquanto trabalha para
reduzir o consumo de recursos naturais e otimizar o uso de insumos. “Discussões
como essas trazidas pela Agrimark Brasil, pautando as tendências e o mercado do
agronegócio e projetando a próxima década, são fundamentais para pensarmos na
melhor forma de enfrentarmos esse desafio”, finalizou. (Fonte: Agrolink)